Salem by Stephen King

Salem by Stephen King

Author:Stephen King [King, Stephen]
Language: por
Format: epub, pdf
ISBN: 9788581050324
Publisher: Editora Objetiva
Published: 2007-01-04T02:00:00+00:00


2

Sandy McDougall sabia que algo estava errado, mesmo antes de levantar, mas não sabia o quê. O outro lado da cama estava vazio — era o dia de folga de Roy, e ele fora pescar com uns amigos. Voltaria por volta do meio-dia. Nada estava queimando e ela não sentia nenhuma dor. Então, o que podia estar errado?

O sol. O sol estava errado.

Já estava alto e projetava sobre o papel de parede a sombra da árvore logo ao lado da janela. Mas Randy sempre a acordava antes de o sol subir e lançar a sombra da árvore na parede...

Assustada, ela olhou para o relógio sobre a cômoda. Eram 9h10.

O medo fechou sua garganta.

— Randy? — ela gritou, a camisola inflando enquanto ela corria pelo curto corredor do trailer. — Randy, querido...

O quarto do bebê estava banhado pela luz que entrava pela única e pequena janela sobre o berço... que estava aberta. Mas ela a fechara quando fora dormir. Sempre a fechava.

O berço estava vazio.

— Randy — ela sussurrou.

E então o viu.

O pequeno corpo, ainda com o macacãozinho desbotado, fora atirado a um canto como um traste. Uma perna se erguia grotescamente, como um ponto de exclamação invertido.

— Randy!

Ela caiu de joelhos ao lado do corpo, o rosto deformado pelo choque. Tomou a criança nos braços, sentindo a frieza da pele.

— Randy, meu benzinho. Acorde, Randy. Acorde.

As contusões haviam desaparecido. Sumiram da noite para o dia, e o rostinho estava incólume e perfeito. Estava corado. Pela primeira vez desde seu nascimento ela o achou lindo, e gritou diante daquela visão, um grito horrível e desamparado.

— Randy! Acorde! Randy! Randy!

Ela se levantou com o menino nos braços e correu pelo corredor, uma alça da camisola caindo do ombro. O cadeirão ainda estava na cozinha, a tampa salpicada com os restos do jantar da criança. Ela colocou Randy na cadeira, que estava no centro de uma poça de luz. A cabeça do menino caiu sobre o peito, e ele escorregou de lado lentamente até ficar alojado entre a tampa e um dos braços da cadeira.

— Randy? — disse ela, sorrindo, os olhos saltando das órbitas como bolas de gude azuis. Deu tapinhas no rosto dele. — Acorde, Randy. Vamos tomar café da manhã. Não está com fominha? Não, meu Deus, por favor...

Ela abriu um armário sobre o fogão e começou a remexer dentro dele, derrubando uma caixa de arroz instantâneo, uma lata de ravióli pronto, uma garrafa de óleo Wessel. A garrafa de óleo quebrou, espalhando o líquido viscoso pelo fogão e depois pelo chão. Ela encontrou um potinho de creme de chocolate Gerber e pegou uma colher de plástico do escorredor de louça.

— Olha, Randy. Você adora. Acorde pra comer o creme. É de chocolate, Randy. Chocolatinho gostoso. — O terror e a fúria a sacudiram. — Acorde! — ela gritou, atingindo com gotículas de saliva o rosto translúcido do menino. — Acorde! Acorde, pelo amor de Deus, seu merdinha! ACORDE!

Ela tirou a tampa do pote e encheu a colher com o creme de chocolate.



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